Por: Portal Movente
Contudo, existem campos do saber que extrapolam os limites da objetividade, tornando difícil responder perguntas como: para que serve? Qual a sua importância para a vida e para o mundo? Assim é com a Arte e suas inúmeras apresentações.

Ao nos depararmos com a conexão da Arte com o desenvolvimento intelectual humano e nossa necessidade de expressão e compreensão dos fenômenos, fica mais nítida a sua influência sobre a saúde mental. 

Mas como essas esferas se relacionam e por que as Artes Visuais são uma poderosa forma de terapia? Sobre tudo isso que conversaremos por aqui. Vamos lá?

O que é Arte?
Arte é uma palavra que deriva do vocábulo latino ars, que significa técnica ou habilidade. Por definição, é entendida como uma atividade humana que está diretamente relacionada às manifestações estéticas ou comunicativas, realizada por meio de diversas linguagens, como música, dança, teatro, escultura, desenho, pintura e arquitetura. 

A Arte faz parte de todas as culturas e, embora tenhamos esse conceito bem-definido, o seu significado foi e continua sendo amplamente discutido pela sociedade. Para Aristóteles, por exemplo, a arte era uma imitação da realidade. No entanto, diversas correntes artísticas refutaram essa delimitação, por compreenderem que a arte se baseia, também, na criação. 

E o processo criativo, por sua vez, se dá a partir da percepção do indivíduo sobre o mundo que o cerca e tem o intuito de expressar suas ideias e emoções, seus sentimentos e posicionamentos. 

Ou seja, por mais divergentes que sejam as definições sobre o que é e o que não é arte, todos os conceitos convergem no fato de que qualquer coisa se faça objetiva e resulta um significado único para cada obra.

Para que serve a Arte?
A Arte nem sempre foi vista como é hoje: desvinculada de interesses não artísticos, um objeto, uma ferramenta que propicia uma experiência estética a partir de valores íntimos. Geralmente, ela é um reflexo da época e da cultura em que está inserida. 

Assim, ora servia para contar uma história, ora para instruir e educar, ora para despertar sentimentos cívicos ou religiosos. Nesse sentido, podem ser atribuídas três funções principais para a Arte:

• utilitária — a Arte serve para alcançar determinada finalidade, isto é, não tem um fim artístico, não é valorizada por si mesma. Esses fins variam bastante ao longo da história. Por exemplo, na Idade Média, a Arte servia para contar histórias bíblicas e repassar ensinamentos católicos;

• naturalista — as obras refletem a realidade, a Arte é encarada como um espelho. Está presente desde muito cedo nas sociedades, em esculturas e pinturas que copiam a realidade. Na metade do século XIX, quando surge a fotografia, a função da arte precisou ser repensada, ocasionando uma ruptura com o naturalismo;

• formalista — aqui, a preocupação é voltada para a forma de apresentação da arte. Há uma valorização da experiência estética que, por meio da intuição e da percepção, há uma intensa consciência do mundo. A obra é apreciada como um todo, e a sua forma, a sua temática, o seu contexto histórico, sua técnica e seu conteúdo são explorados para compreender a obra.

Note que, ao longo do tempo, essa visão utilitária da Arte se modifica. As pinturas rupestres, por exemplo, possivelmente serviam aos homens primitivos como uma ajuda dos deuses em suas caçadas, um chamado pelos espíritos dos animais. 

À medida que as sociedades e o intelecto humano se desenvolvem, passamos a demonstrar interesse por objetos e aspectos da vida que não tinham função prática — tais como sons, tecidos, formas, cores e texturas que passaram a ser apreciados por puro prazer.

O interessante de perceber é que a manifestação artística faz parte da natureza humana. Desde os primórdios, nossos ancestrais tinham curiosidade e fascínio pelo belo e por elementos que têm a capacidade de nos instigar, refletir e traduzir pensamentos e emoções.

Como a Arte e a saúde mental se relacionam?
Somente no século XX que a Arte passou a ser explorada de forma mais profunda, sob o ponto de vista da psique humana. Filósofos e pensadores reconheciam a Arte como uma projeção do inconsciente; assim, a prática artística permite que o indivíduo entre em contato com os seus próprios símbolos para que, então, possa compreendê-los e modificá-los.

Ao exteriorizarmos sentimentos e conflitos por meio da arte, estimulamos nossa criatividade, nossas fantasias e desejos de uma forma que as palavras a fala nem sempre conseguem alcançar. O estudo e a apreciação estética fortalecem a autoestima, promovem o autoconhecimento, a expressão das subjetividades e a reconstrução da identidade. 

A Arte tida como uma ferramenta terapêutica enxerga o ser humano como um todo, tendo sido utilizada pela primeira vez por Carl Jung em seu consultório. O psicólogo analista recorria à linguagem expressiva como forma de tratamento, pedindo que seus pacientes desenhassem livremente seus sentimentos, suas situações conflituosas e seus sonhos.

Assim, as pessoas conhecem a si mesmas, entrando em contato com os seus mundos obscuros, com o que está submerso em outro plano. Dessa maneira, a Arte faz a ponte entre o inconsciente e o consciente — é uma forma de comunicação do indivíduo consigo mesmo e, também, com o mundo à sua volta.

As Ates Visuais são um modo de dar corpo à essência das coisas, de se tornar mais consciente das próprias emoções e de proporcionar o desenvolvimento pessoal. A saúde mental é preservada, já que se consegue lidar melhor com o estresse e encontrar recursos físicos, emocionais e cognitivos para enfrentar os desafios do cotidiano. Ao mesmo tempo, a prática terapêutica revitaliza o puro prazer artístico, sendo transformadora. 

“A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é inerente.” Ernst Ficher, A Necessidade da Arte.

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