Parece estranho para mim, mas sempre pensei em minha primeira resenha literária do Rapadura (meu antigo blog) sobre algum trabalho de um dos meus escritores preferidos, Hermann Hesse, ou sobre alguma obra que tivesse me marcado ao longo dos anos. Mas para minha surpresa, um livro me veio à mão e fez todo o sentido. “Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page” (Globo Livros, 288 páginas, R$ 34,00 -Kindle R$ 27,90). Confesso que não sou de biografias, mas a forma ávida que destrinchei o livro e por ser fã do Led Zeppelin, me deu a certeza de que seria um bom começo para esta seção do blog.

O livro foi escrito pelo jornalista Brad Tolinski, editor-chefe da revista Guitar World, uma das mais conceituadas e inovadoras sobre o assunto. Ele reúne entrevistas e fatos históricos de uma das mais lendárias e criativas figuras do Rock, em uma narrativa leva e prazerosa.

A obra começa contando o gênesis de tudo, com o infante Jimmy descobrindo em 1952 um velho violão em sua casa, situada em Miles Road, no Surrey – Inglaterra – até sua ascensão aos arredores de Londres, a escola de artes, sua idolatria por heróis do blues e é claro, suas primeiras peripécias na guitarra.

 

A narrativa percorre rapidamente este trecho e recorre aos tempos em que Page inconscientemente arquitetava o som que viria a revolucionar o Rock. De prodígio dos estúdios, quando gravou guitarra em diversas bandas da época (incluindo The Who e The Kinks), os jingles, os tempos de Yardbirds e suas primeiras turnês em solo americano. Foi o estopim para que Page criasse a química perfeita. Conhecimentos técnicos para captar o som que desejava, total domínio do instrumento (adquirido nos tempos de estrada com Yardbirds) e a percepção do principal mercado mundial e seus gostos e rumos.

Logicamente isso não seria possível se Jimmy não fosse cercado pelos músicos certos. Page descreve o Led como a junção de quatro elementos, mais tarde personificados pelos símbolos que caracterizam cada um dos membros da banda no encarte interno do lendário álbum Led Zeppelin IV. A banda sempre fez questão de dizer que os quatro reunidos geravam um quinto elemento. Isso não é apenas uma forma de dizer o quanto era grande a química do grupo, mas faz referencia a uma das grandes influencias da obra de Jimmy, sua paixão pela magia, metafísica, ocultismos e mestres desse gênero como Aleister Crowley.

Ao mesmo tempo em que o livro relata as épicas apresentações e experiências da banda aos longos dos anos, torna-se também quase que uma bíblia da guitarra. Jimmy fala profundamente sobre os recursos, programas, instrumentos e equipamentos que utilizou para fazer o som de guitarra mais revolucionário da história. Conta desde os casos do primeiro pedal de chão, o Fuzz Box 1964, criado por Roger Mayer e de muitas outras geringonças que serviram de base para o que é feito hoje em dia. Revela segredos de gravações de várias faixas, como conseguiu dar ambientação e profundidade ao som da banda, e a maneira que microfonava a baterias de Bonham, sempre em busca de algo original.

Ele explica como amadureceu o som do Led ao longo dos anos, fala sobre as suas parecerias como Jeff beck, David Coverdale, Black Crowes, Jack White, entre outros. Alem de situações inusitadas da sua vida, o seu flerte com trilhas para cinema, problemas para encontrar partes do acervo da banda e como deu a elas tratamento para deixar o legado do Led com a qualidade que sempre lhe foi peculiar.

As entrevistas com Jimmy e convidados, que sempre precedem os capítulos, é outro trunfo para garantir dinamismo ao livro e dar uma visão mais pessoal e/ou diversificada para a obra do músico. Também para trazer a tona outros assuntos dos quais Page sempre esteve indiretamente ligado, como a moda e astrologia.
 

O livro é bem despojado, apesar de muito informativo sobre datas, equipamentos e afins. Em diversas partes é possível encontrar histórias engraçadas e curiosas, tais como o encontro com Elvis, sua visita a países exóticos, casas mal assombradas e a origem do nome Led Zeppelin. Trunfos assertivos para manter a curiosidade do leitor aguçada.

É o típico livro que te instiga não só a ler, mas a revisar cuidadosamente toda a obra da banda (e de Jimmy), a prestar atenção em detalhes que antes passavam despercebidos em muitas das músicas que são citadas ao longo da biografia. O que torna “Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page” uma obra obrigatória para roqueiros e amantes da música e suas histórias.

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